AUGUSTO STRESSER

AUGUSTO STRESSER

ÓPERA SIDÉRIA


A ópera SIDÉRIA fez estreia em 03 de maio de 1912, no Teatro Guayra (prédio antigo, hoje Biblioteca Pública do Paraná), na cidade de Curitiba/PR.

Obra de Augusto Stresser, foi originariamente escrita em 1909 em dois atos, em partitura para piano e vozes. Posteriormente, recebeu acréscimo de um terceiro ato e orquestração de Léo Kessler, adquirindo a forma final como foi apresentada a partir de 1912.

A ópera tem como pano de fundo a Revolução Federalista, que as cidades de Curitiba e Lapa haviam vivenciado poucos anos antes, com dramaticidade, no confronto conhecido como Cerco da Lapa. Por sua vez, o libreto conta a história de um amor romântico e trágico, no triângulo amoroso entre a jovem Sidéria, o idealista Alceu e o apaixonado Juvenal.

sexta-feira, 14 de março de 2014

O ”PRELÚDIO” DE AUGUSTO STRESSER



Um compositor não “nasce pronto”. 
Sempre existe uma obra, um pequeno sucesso, que precede e anuncia o valor que está a surgir.







Por isso, foi uma alegria encontrar, no CÍRCULO DE ESTUDOS BANDEIRANTES, em seu elegante prédio na Rua XV de Novembro nr 1050, Curitiba/PR, um “PROGRAMMA” do Sarau musical do GRÊMIO M. CARLOS GÔMES, recital realizado em 09 de maio de 1897, onde apresentado o PRELÚDIO de Augusto Stresser.




Mas não é só.
Junto em arquivo, há um texto de Roberto Sérgio Stresser, neto de Augusto Stresser, que nos foi fornecido por cópia. São informações muito curiosas sobre a vida cultural da Curitiba antiga, fins do século XIX, e do ambiente musical que Augusto Stresser frequentou, e que lhe deu a motivação para escrever a sonhada ÓPERA SIDÉRIA e, com ela, mudar o cenário cultural de toda uma cidade. Transcrevo:

“PRELÚDIO”, de Augusto Stresser.
Texto de Roberto Sérgio Stresser, neto de Augusto Stresser
Na noite memorável de domingo, do dia 09 de maio de 1.897, o Grêmio Musical Carlos Gomes preparou uma festa de comemoração ao 4º aniversário de existência daquela importante associação musical.
Convites foram impressos e distribuídos a autoridades, imprensa, aficcionados de músicas clássica e ao povo em geral.
O local de apresentação era o antigo THEATRO HAUER, que até hoje vive, embora transformado em cinema e, agora, casa de bingo Bristol, na rua Mateus Leme esquina com rua Treze de Maio.

THEATRO HAUER, em Curitiba/PR - 1913


Na época, o Teatro Hauer e o Teatro São Teodoro (depois Guayra), na rua Dr. Muricy, eram os que dispunham de maior capacidade de público presente.
O Teatro Hauer na realidade visava abrigar e desenvolver outras funções além do teatro. Era hotel-pensão quando os camarins estavam livres, dava banquetes políticos, bailes quando algumas sociedades recreativas e culturais da cidade necessitavam de lugares mais espaçosos.
Foi assim que o Grêmio Musical Carlos Gomes requisitou as dependências do Teatro Hauer para realizar a apresentação da festa comemorativa ao aniversário de sua instalação.
Não só saraus e serestas enchiam os tempos vagos dos elementos da elite da época. A maioria dos jovens talvez pudesse contentar bailando e namorando, porém os adultos e mais maduros deviam procurar diversão na arte, poética e musical.
Assim foi, que o inteligente compositor musical paranaense, Augusto Stresser, preparou uma composição musical PRELÚDIO, que já no mês de fevereiro de 1.897, quatro meses antes da apresentação, havia sido divulgada em notas pela imprensa da época.
Tratava-se de uma composição musical livre, de caráter imaginativo e sugestivo, cuja criatividade foi endereçada e dedicada à sua mãe, Izabel Pletz Stresser (mais conhecida como “Luíza”), então com 67 anos de idade. Na ocasião, Stresser, com 25 anos de idade já se revelava o notável musicista autodidata.
A impressão e edição de PRELÚDIO fora realizada nas Oficinas da Casa Buschmann & Guimarães, no Rio de Janeiro.
Finalmente, o grande dia chegou. Constava que o desenrolar do concerto musical haveria um grande baile.
O “Programa” do Sarau do dia 09 de maio de 1897, estava pronto e assinado pelo Diretor do Grêmio Musical Carlos Gomes, Sr. Gabriel Ribeiro. Dava-se destaque que haveria 2 partes no Programa: a Primeira Parte: de Herol, - Zanoa; de Bottcher, -  “Hand in hand”, de Lully – “Bourgois Gentilhome; de AUGUSTO STRESSER, - “PRELÚDIO”; de G. Lamothe 0 “Nuage d’Or”.
A Segunda Parte: de C. Pedrotti – “Tutti in Maschera”; de Necke, - “Primeiro Amor”, de Haydn, “Serenata”; de Waldteufel,  - “Gaite”, e de Leccoq, “ Lençon de Chant”.
Todas estas adoráveis composições executadas com inteiriça maestria foram freneticamente aplaudidas pela platéia ilustrada e seleta presentes no antigo “Theatro Hauer”.
Na primeira parte houve um momento em que o entusiasmo dos ouvintes atingiu a um grau de fogosa ebulição: foi aquele em que o jovem maestro e compositor paranaense, Augusto Stresser, subiu ao pedestal da regência para marcar o compasso, o andamento do PRELÚDIO, sua esplêndida composição, que não é mais do que os trenós de uma alma triste, elegíaca, deliciosamente estrelada de afeto puríssimo e de candura sideral.
“O novel e esperançoso compositor foi estrepitosa e merecidamente aclamado pelas sinceras ovações de seus conterrâneos, sentiram em poucos minutos, agradáveis frêmitos de procela no infinito de suas almas subjugadas então pelo mais flamante contentamento.”, conforme comentários da imprensa da época.
Como a data festiva estava programada para o dia 09 de maio de 1987, segundo domingo do referido mês – atualmente “Dia das Mães”, coincidência ou não, Augusto Stresser já tinha dedicado PRELÚDIO à sua progenitora, fazendo então verdadeira surpresa agradável para sua mãe Izabel, que também estava presente, no transcorrer da apresentação do concerto musical.
O então jovem maestro Augusto Stresser, autor de PRELÚDIO, foi imensamente aplaudito.
Belos trechos formam a composição musical, muita alma, há muito nervo em cada nota do PRELÚDIO.
Nos dias que se seguiram da apresentação do concerto musical, os comentários à respeito do PRELÚDIO de Augusto Stresser, eram os mais fervorosos.



Casal Stresser - Ernestina e Augusto, em 1896

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