AUGUSTO STRESSER

AUGUSTO STRESSER

ÓPERA SIDÉRIA


A ópera SIDÉRIA fez estreia em 03 de maio de 1912, no Teatro Guayra (prédio antigo, hoje Biblioteca Pública do Paraná), na cidade de Curitiba/PR.

Obra de Augusto Stresser, foi originariamente escrita em 1909 em dois atos, em partitura para piano e vozes. Posteriormente, recebeu acréscimo de um terceiro ato e orquestração de Léo Kessler, adquirindo a forma final como foi apresentada a partir de 1912.

A ópera tem como pano de fundo a Revolução Federalista, que as cidades de Curitiba e Lapa haviam vivenciado poucos anos antes, com dramaticidade, no confronto conhecido como Cerco da Lapa. Por sua vez, o libreto conta a história de um amor romântico e trágico, no triângulo amoroso entre a jovem Sidéria, o idealista Alceu e o apaixonado Juvenal.

domingo, 22 de setembro de 2013

DIÁRIO DA TARDE DE 03 DE MAIO DE 1912

A Ópera SIDÉRIA foi amplamente divulgada, não só em Curitiba mas, dado seu sucesso, também no interior e até em outros estados. No dia 03 de maio de 1912, o (então) maior jornal da capital, o DIÁRIO DA TARDE, noticiou ampla matéria sobre o concerto (pesquisa realizada no setor de periódicos da Biblioteca Pública de Curitiba).






AUGUSTO STRESSER, UMA VÍTIMA DA GRIPE ESPANHOLA

Todo aquele que tem a felicidade de conhecer o trabalho e a obra que AUGUSTO STRESSER deixou para a posteridade, pergunta-se: quão longe o artista poderia ter chegado, se a morte não o tivesse tolhido tão jovem, com apenas 47 anos?

Stresser foi uma vítima da Gripe Espanhola, a pior pandemia mundial do século XX.

Até hoje, não se tem conhecimento da origem geográfica desta pandemia, que começou a ser detectada entre os soldados sobreviventes da Primeira Guerra Mundial, na Europa, e se espalhou por quase toda parte do mundo. 

O termo “espanhola” foi cunhado porque a Espanha, que não havia participado da guerra, foi o primeiro país cuja imprensa noticiou amplamente o fato e a quantidade de pessoas que estavam adoecendo e morrendo desta pandemia surpreendente. (Mas a gripe espanhola também foi conhecida como “gripe pneumônica”, “peste pneumônica”, ou simplesmente “pneumônica”, e foi causada por uma virulência frequentemente mortal, de uma estirpe do virus Influenza A, do subtipo H1N1 – o mesmo que ressurgiu em 2009.)

A primeira observação da pandemia ocorreu em 11 de março de 1918, nos Estados Unidos da América. Em abril do mesmo ano, registrou-se alarmante número de casos entre soldados das tropas francesas, britânicas e americanas que se encontravam estacionadas em portos de embarque da França. No mês seguinte, em maio, a doença já havia chegado à Grécia, Portugal e Espanha. Em junho, a Dinamarca noticiava um sem número de ocorrências. Em agosto, era a vez dos Países Baixos e Suécia.

 gripe espanhola, Hospital de emergência durante epidemia de influenza (setembro/ outubro-1918) em Jackson, Carolina do Sul, EUA
Na falta de estatísticas confiáveis, calcula-se que a Gripe Espanhola afetou metade (50%) da população mundial, tendo matado entre 20 a 40 milhões de pessoas. Estima-se, entretanto, que este número possa ser ainda maior, porque não há cômputo do desenvolvimento nos países orientais, como China e Ìndia.

No Brasil, em 24 de setembro de 1918, retornou ao país a Missão Médica enviada para ajudar no esforço de guerra francês. Estas pessoas haviam sido atingidas pela gripe no Porto de Dacar (Senegal), na época uma colônia francesa. Na mesma época, chegou ao país o paquete Demerara, vindo da Europa, também com passageiros portadores da gripe epidêmica.

Em poucos dias, a doença se propagou pelo país. Irrompeu em Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Amazônia. Paraná. Foram registradas em torno de 300 mil mortes relacionadas à gripe suína, entre eles muitos nomes ilustres, inclusive o Presidente da República, Rodrigues Alves, em 1919.


Em Curitiba (vide blog http://historia.abril.com.br/fatos/furia-gripe-espanhola-433549.shtml), a epidemia foi assim noticiada:“Já morrem 24 pessoas por dia em Coritiba”, em uma manchete do dia 14 de outubro. Na mesma data, um anúncio: “Precisa-se de dois cocheiros na Empreza Funerária de P. Falce”. 
As manchetes dos jornais da época, reproduzidas no livro O Mez da Grippe (assim mesmo, com essa grafia), de Valêncio Xavier, dão uma idéia do quadro assustador. A reação entre os curitibanos foi de pânico, e por isso foram censuradas. O livro mostra a primeira página do jornal Diário da Tarde, em que, de um artigo sobre “A Influenza”, só ficou o título – o resto está em branco. Já o Commercio do Paraná adotou uma atitude diferente; a epidemia seria apenas uma gripe comum. Mas teve de admitir, em 25 de outubro: “A nossa edição de hontem saiu muito aquem da expectativa em conseqüência de terem adoecido operários da secção da composição, obrigando-nos assim ao sacrifício de materia redaccional cuja inserção foi absolutamente impossivel.”

Foi no meio de tanto sofrimento, que nós – curitibanos – choramos pelo falecimento do grande compositor paranaense, Augusto Stresser, uma vítima dentre as inúmeras vítimas desta verdadeira catástrofe da saúde pública mundial. E aqui, diante do computador, pergunto: quantas outras óperas, quantos inúmeros concertos, quanta música de boa qualidade ainda poderia ter sido por ele escrita, se a morte não o tolhesse tão cedo?


SAIBA MAIS
http://historia.abril.com.br/fatos/furia-gripe-espanhola-433549.shtm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Stresser
Livros
Literatura: O Mez da Grippe, Valêncio Xavier, Companhia das Letras, 1981
Gripe: A História da Pandemia de 1918, Gina Kolata, Record
A História e suas Epidemias, Stefan Cunha Ujvari, Senac,

STRESSER, O POETA

Em março de 2011, a senhora Bia Stresser, neta de Augusto Stresser, gentilmente nos encaminhou uma poesia de seu avô.
Esta poesia foi primeiro publicada no blog http://operasideria.blogspot.com.br/, projeto piloto, em 25 de março/2011.

É uma peça delicada, que mostra bem o romantismo do autor, e a sonoridade de suas composições.
Por sua importância, não poderíamos deixar de publicá-la novamente:






Aí vai uma poesia do meu avô Chama-se PRIMAVERA e foi escrita por volta de 1908.
Bia Stresser.



PRIMAVERA

" Enflora-se o arvoredo. É a primavera.
Rosas rebentam álacres; de flôres
Bordam-se os vergéis e os arcos de era;
E as andorinhas fazem seus amores.

Bandos de Borboletas multicores
Passam no ar: e o longo inverno passa...
Cantam as aves pelos arredores
E a natureza de festões se enlaça.

Desfez-se o véu da quadra fria e triste
E dos montes redoira alegre os flancos
A luz do Sol. Da neve nada existe.

Assim como êsse inverno, bem quisera
Também se fôssem meus cabelos brancos
E voltasse-me a antiga Primavera.

"O poema foi dedicado a Silveira Netto"

ÓPERA SIDÉRIA - figurino no coro, em 1912

Foto de um integrante do coro da Ópera Sidéria (1912(, figurino de lavrador.

Na primeira montagem da ÓPERA SIDÉRIA, em 1912, foi reunido um grande coro de 50 vozes, formado pelos cantores dos diversos corais das igrejas locais. Entretanto, conta-se que não havia recursos suficientes para confeccionar o figurino de todos os participantes do coro. Assim, coube a cada coralista, a tarefa de confeccionar seu próprio traje cenográfico. Na fotografia, vê-se um integrante do coro masculino, representando um lavrador.



Elenco da Ópera SIDÉRIA, em 1912



ELENCO DA ÓPERA SIDÉRIA, em 1912. Ao fundo, a tela cenográfica do terceiro ato.

(Foto divulgada pela internet, acesso em 2011)

Maio de 1912 - A òpera SIDÉRIA estréia no Teatro Guayra

 

(Foto divulgada pela internet, acesso no ano de 2011)