Conhecer
a história da ÓPERA SIDÉRIA, confunde-se com conhecer a participação da cidade
de Curitiba em guerras civis e revolucionárias, e com o conturbado início do
histórico TEATRO GUAÍRA.
TEATRO GUAÍRA foi primeiro concebido sob nome de TEATRO SÃO THEODORO, uma homenagem a Theodoro Ébano Pereira, um dos fundadores da cidade de Curitiba. Sua
abertura estava prevista para o dia 28 de setembro de 1884, na rua Cândido
Lopes (no prédio onde hoje fica a
Biblioteca Pública do Paraná).
Entretanto, a inauguração precisou ser adiada, porque nesta época eclodiu a Revolução Federalista, e o prédio construído acabou por servir como presídio, a fim de confinar os presos políticos da famosa revolta. A antiga cadeia pública de Curitiba, em um prédio na Praça Tiradentes, como se vê na foto divulgada em cadeia pública de Curitiba em 1897, acabou por ser demolida em 1899.
Entretanto, a inauguração precisou ser adiada, porque nesta época eclodiu a Revolução Federalista, e o prédio construído acabou por servir como presídio, a fim de confinar os presos políticos da famosa revolta. A antiga cadeia pública de Curitiba, em um prédio na Praça Tiradentes, como se vê na foto divulgada em cadeia pública de Curitiba em 1897, acabou por ser demolida em 1899.
Cadeia pública de Curitiba/PR em 1887. Foto do Acervo do Centro de Documentação do CEP Colégio Estadual do Paraná – Ensino Fundamental, Médio e Profissional – Imagem IOC(I) 150. Divulgada em cadeia pública 1887 |
Com
isso, o teatro só seria inaugurado dezesseis anos mais tarde, sob o nome de TEATRO GUAYRA, após passar por
obras de reformas e ampliação, em 03 de novembro de 1900. (Cabe ressalvar que essa construção originária acabou por ser demolida,
em 1937, à ordem do então prefeito Aluízio França, alegando perigo de
desabamento.)
Assim o teatro
saudou o novo século trazendo, além de uma belíssima fachada e um importante espaço cultural, também a mais importantes das inovações tecnológicas
do século XX: a energia elétrica!
Hoje, quando tanto
dependemos da energia elétrica para nosso cotidiano, até difícil imaginar um
mundo que não seja iluminado pelo simples apertar de um interruptor.
Entretanto, sempre bom lembrar que a disponibilidade e popularização desta
tecnologia, mal chega a dois séculos. Muito pouco tempo, se comparamos com a
história (conhecida) da nossa civilização, de mais de sete mil anos.
No
Brasil, as primeiras usinas elétricas surgiram no ano de 1883, em Campos
(RJ), Juiz de Fora e Diamantina (MG). E com informações do site da COPEL,
ficamos sabendo que, no Paraná, o primeiro esforço para a eletrificação
ocorreu em 9 de setembro de 1890, quando o presidente da Intendência Municipal
de Curitiba, Dr. Vicente Machado, assinou contrato com a Companhia de Água e Luz
do Estado de São Paulo, para iluminar a cidade com "uma força iluminativa de onze mil velas". Baseada nesse
contrato e com uma concessão de 20 anos, a Companhia instalou a primeira usina
elétrica do Paraná num terreno próximo à antiga estação ferroviária, localizada
atrás do então Congresso Estadual (atual
Câmara Municipal de Curitiba).
Sempre bom lembrar que avanços
tecnológicos, no início do século XX, tinham impulso oficial – e não comercial,
como vemos na atualidade -, e dispendiam recursos volumosos, que tornavam o
processo bastante lento. Ainda no site da COPEL, ficamos sabendo que esta
primeira usina começou a funcionar oficialmente em 12 de outubro de 1892 (muito
embora já estivesse produzindo um mês antes), sob a direção do engenheiro
Leopoldo Starck, seu construtor. Duas unidades a vapor fabricadas em Budapeste
produziam 4.270 HP de força, consumindo 200 metros cúbicos de lenha por dia. Em
18 de maio de 1898, a empresa José Hauer & Filhos adquire a concessão do
contrato e da usina, cogitando aumentar a sua capacidade pois Curitiba já tinha
uma população estimada em 40 mil habitantes.
Só com estas informações podemos
ter noção do quão inovador foi este "primeiro" TEATRO GUAYRA, que em novembro de 1900
já ofertava ao público instalações com iluminação elétrica.
Afinal, apenas em 1901 seria instalada a primeira usina termoelétrica propriamente dita, num terreno situado na Avenida Capanema perto da garagem ferroviária, também na Capital, onde hoje está a Estação Rodoferroviária. Esta usina operava dois conjuntos geradores de 200 HP cada um, tendo sido ampliada três anos mais tarde com a incorporação de outro gerador de igual potência. Enquanto isso, o contrato de concessão para a exploração e fornecimento de energia elétrica era sucessivamente transferido. Em 1904 passou para a Empresa de Eletricidade de Curitiba (Hauer Junior & Companhia), e em 1910 para a The Brazilian Railways Limited.
Afinal, apenas em 1901 seria instalada a primeira usina termoelétrica propriamente dita, num terreno situado na Avenida Capanema perto da garagem ferroviária, também na Capital, onde hoje está a Estação Rodoferroviária. Esta usina operava dois conjuntos geradores de 200 HP cada um, tendo sido ampliada três anos mais tarde com a incorporação de outro gerador de igual potência. Enquanto isso, o contrato de concessão para a exploração e fornecimento de energia elétrica era sucessivamente transferido. Em 1904 passou para a Empresa de Eletricidade de Curitiba (Hauer Junior & Companhia), e em 1910 para a The Brazilian Railways Limited.
A lentidão com que tais inovações
chegavam à população, pode ser compreendida quando a COPEL informa que somente
depois de decorridos dez anos do advento da eletricidade em Curitiba é que uma
segunda cidade no Estado (Paranaguá) passou a contar com tal benefício: em 1902
a família Blitzkow colocava em operação um sistema de geração com dois grupos a
vapor de 65 kVA. Dois anos mais tarde foi a vez de Ponta Grossa ter eletricidade.
União da Vitória foi a cidade seguinte, graças a um acordo firmado entre a
prefeitura local e o comerciante Grollmann. Em 15 de junho de 1916, o acervo
local é adquirido pela Empresa de Eletricidade Alexandre Schlemm, inclusive o
locomóvel de 100 HP movido a lenha.
Assim,
quando a ÓPERA SIDÉRIA estreiou no Teatro Guayra, em 1912, tal obra significava
um momento revolucionário da história de Curitiba/PR, firmando-se como uma
cidade que de fato vivenciava o início de um novo século... e até, poder-se-ia
vislumbrar, de uma nova realidade para seus habitantes. Esteticamente, a ópera de AUGUSTO STRESSER era uma
obra nova, nacionalista, e de certa forma, artisticamente revolucionária. E
foi levada aos palcos em um teatro que, por si só, significava o advento dos novos
tempos, inteiramente iluminado com esta nova tecnologia, antecipando o que, ao final,
modificaria a forma de viver de todo o mundo moderno.
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